17 de Novembro de 2014

Homilia – 33º Domingo do Tempo Comum – 16.11.14 ( Pr 31, 10-13.19-20.30-31; 1Ts 5, 1-6; Mt 25,14-30)

No próximo domingo, encerraremos o Ano Litúrgico com a celebração da solenidade de Cristo Rei. Portanto, este período é propício para revisão de vida; para avaliação das nossas ações, dos nossos procedimentos a fim de identificar nossos acertos, nossos ganhos, nossas falhas, nossas perdas; identificar o que deve ser mudado, ser transformado, ser reconfigurado; avaliar se estamos ou não colocando, a serviço do bem e dos irmãos, nossos talentos, nossos dons; se estamos ou não valorizando o sentido da vida.

Os textos bíblicos que ouvimos apresentam alguns elementos para que possamos dar passos neste processo de auto avaliação, dentre eles, destacamos:

Primeiro passo: devemos tomar consciência da necessidade de firmar propósitos de mudanças e traçar metas com habilidade e sabedoria que ajudem na sua concretização.

Estas são as orientações do autor da primeira leitura, ao descrever o lindo poema que enaltece a mulher com tantas características positivas (a mulher é identificada e reconhecida como fortaleza, como a joia mais preciosa, como inspiradora de confiança, causa de alegria, habilidosa para os trabalhas manuais, como caridosa, etc.).  Esta mulher é a personificação da sabedoria, por isso é que todos nós devemos estar à procura da sabedoria como companheira ideal, a fim de que possamos saber discernir e escolher o melhor. Precisamos de sabedoria para fazer as opções, para tomar decisões, para saber a hora de começar e a hora de terminar, para saber planejar e executar, para saber administrar os desafios e as dificuldades da vida, para descobrir o que queremos e aonde chegaremos, para saber dizer não ou dizer sim.

Segundo passo: é necessário que sejamos vigilantes e atentos aos sinais dos tempos, à hora que devemos fazer cada coisa para que possamos alcançar os objetivos desejados, fazer renúncias, ser perseverante, discernir e definir prioridades. Este é o ensinamento deixado por São Paulo, o autor da segunda leitura, mostrando que somos filhos da luz, portanto, sabemos o caminho a ser seguido, onde queremos chegar.

Terceiro passo: Não devemos ter medo de arriscar, nós devemos por em prática nossos talentos, devemos ser criativos, proativos e procurar corresponder à confiança depositada por Deus em cada um de nós. O patrão da parábola do evangelho é o próprio Deus.  Ele confiou seus bens a cada um segundo sua capacidade: “A um deu cinco talentos, a outros dois, e um ao terceiro” (v. 14 e 15).

Assim Deus espera que saibamos agir com inteligência, com criatividade de modo que possamos produzir frutos bons honestamente e não percamos as oportunidades e possibilidades que Deus nos oferece. Ele nos concede dons, oportunidades e nós, muitas vezes, não sabemos aproveitar, desenvolver e produzir. Agimos como aquele homem que ao receber um talento ficou com medo e escondeu enterrando no chão. Nós também, muitas vezes, somos medrosos, tímidos e terminamos enterrando conhecimentos, carismas, perspectivas, planos, sonhos que poderiam ser transformados em realidade.

Na vida nós enfrentamos dificuldades, nos deparamos com muitos desafios e terminamos não pondo em prática nosso potencial. Esquecemos que as oportunidades são únicas, que as situações mudam e nem sempre temos sabedoria para saber a hora e o momento de decidir, de fazer, de viver, aproveitar.

É importante ressaltar que a vida é única, é bela e é um dom de Deus. Deve ser vivida em plenitude e nós devemos tomar consciência de dar valor, dar sentido àquilo que fazemos; da necessidade de estudar, trabalhar, do momento de lazer, de bater papo...  Enfim, precisamos tomar consciência de que devemos progredir, evoluir, desenvolver, crescer.

Meus irmãos e minhas irmãs, Deus nos criou para grandes coisas, para sermos felizes, para vivermos alegres e felizes, para termos o necessário para viver dignamente; portanto, precisamos lutar para que tenhamos as condições necessárias e dignas de vida plena.

Muitas pessoas não progridem, não evoluem, não se desenvolvem, elas ficam paradas e, assim como o moço que enterrou o talento, são preguiçosas.  Para elas, a melhor ajuda é tentar despertá-las, incentivá-las, estimulá-las à mudança de postura, de procedimento. É necessário que sejam desafiadas para que possam vencer a inércia, o medo, a indolência.

Aqui fica mais um aprendizado quanto a nossa prática de caridade, de ajuda às pessoas carentes, aos pedintes que muitas vezes nos abordam.  Estes devem ser interrogados, precisam ter suas reais necessidades e condições conhecidas. Se não, poderemos, com nossa ajuda, acomodá-los ainda mais.

Enfim, a parábola quer mostrar como devemos agir para que possamos progredir e ajudar os outros a progredirem também. A lutar por seus direitos e pelo seu próprio sustento. Deus chama de “empregado bom e fiel” todos os que lutam pela justiça do Reino de Deus, todos os que honestamente progridem e lutam pela própria libertação.

“Sejamos como a águia, que voa imperante e não desiste de seus objetivos! que voa rapidamente ate sua presa, e investe toda sua energia naquela caçada, como se fosse a ultima de sua vida”.  Tiago Persan



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